O SAMBA PAULISTA NASCEU EM PIRAPORA
FONTE:WWW.PIRAPORADOBOMJESUS.SP.GOV.BR
Bumbos e Batuques de Pirapora Fundaram o samba Paulistano. Se a definição de onde nasceu o samba no Brasil alimenta há anos discussões acaloradas, entre baianos e cariocas, é mais licito reconhecer que as origens do samba estão relacionadas aos batuques e manifestações festivas rurais ligadas aos primeiros Afros Brasileiros, que Habitavam as povoações das regiões Brasileiras.
Por onde andaram os Africanos e seus descendentes o ritmo os acompanhava fruto da herança cultural da Mãe África. Se acompanharmos o fluxo migratório dos Afros descendentes no Brasil, fica clara a presença de diversos tipos de samba, de Norte ao Sul do país. O Município de Pirapora do Bom Jesus faz parte importante desse fenômeno migratório do Samba, que foi decisivo para caracterização do Samba Paulista.
Na década de 1930, os estudos sobre a cultura popular desenvolvidos por Mario de Andrade, já o levaram a Pirapora do Bom Jesus, com o intuito de registrar esta manifestação cultural popular que era o samba de roda de Pirapora, uma vez que guando menino já era levado pelos pais á festa do Bom Jesus. O intelectual registrou em seu texto “O Samba Rural Paulista” de 1937, que na termologia dos negros que observei a palavra samba tanto designa todas as danças da noite como cada uma delas em particular. Em 1933 os negros falavam indiferentes samba ou batuque. A palavra ainda designa o grupo associado para dançar sambas.
O motivo que tornou Pirapora do Bom Jesus um ponto de encontro espontâneo e não oficial, de batuqueiros de diversas regiões do estado de São Paulo que viam para as festividades do Sr. Bom Jesus de Pirapora, o santo milagroso sempre trouxe grande numero de Romeiros e demais visitantes ao Município. No começo, as famílias de fazendeiros deslocavam-se para o então vilarejo e levaram consigo seus escravos. Enquanto o Senhorio rezava ao santo, a escravaria fazia seus batuques á distancia.
Após a abolição da escravatura, os ex-escravos e seus descendentes continuaram a freqüentar Pirapora durante as Romarias e datas festivas. No começo do século 20, foram construídos dois barracões para abrigar os romeiros que não tinham onde se hospedar, os negros ficavam nestes barracões e ali mesmo realizavam o samba. Eram negros provenientes de São Paulo e do interior paulista, municípios como Campinas do samba Campineiro, Tietê, Capivari, Piracicaba, Sorocaba, Tatuí e outras cidades faziam de Pirapora o seu ponto de encontro
As formas de samba que praticavam em suas cidades, eles as faziam em Pirapora para festejar o Santo, eram os samba de Umbigada, Samba de Lenço. Jongo, o Tambu entre outros. A forte presença da zabumba (Bumbo) que fazia o compasso do ritmo da dança, aos poucos provocou a fusão da denominação dos Sambas que se praticavam nos barracões de Pirapora como Samba de Bumbo ou Samba de Pirapora que Mario de Andrade preferiu chamar de “Samba Rural Paulista”.
A partir das décadas de 1910 e 1920, a presença crescente dos batuqueiros em Pirapora a tornou no reduto do samba paulista, e os batuques dividiam o motivo de atração dos romeiros com a festa religiosa, esses motivos levaram os padres responsáveis pela igreja de Pirapora decretarem a demolição dos barracões considerados, o antro das festividades profanas, tentando desta forma coibir esta manifestação artística cultural não compreendida na época. O fato foi que desta forma o samba ganhou as ruas e chegou mais fortemente a um número maior de adeptos, mas a divisão entre negros e brancos continuava, eram até amigos, más no samba de preto branco não estava e assim vice versa e este fato perdurou até a década de 1950. Foi do Samba de Bumbo de Pirapora que saiu uma das mais importantes influencias dos primeiros cordões carnavalescos de São Paulo.
Bumbo ícone do samba, de Pirapora para o carnaval de São Paulo.
Com abolição ocorreu o êxodo rural, por parte de grande maioria dos libertos, com destino a São Paulo, com eles vieram os costumes caipiras e o samba que praticavam. Tem-se noticia segundo Osvaldinho da Cuíca, musico, escritor e pesquisador do samba paulistano existem indícios de que já no inicio do século 20 os ex-escravos da capital freqüentavam as festas do Bom Jesus de Pirapora. Todos os anos os negros viam para Pirapora com intuito de participar dos encontros dos grupos de samba.
Fundador do grupo Barra Funda, o primeiro grupo carnavalesco de São Paulo, Dionísio Barbosa Freqüentava as festas do Bom Jesus de Pirapora. Influenciado pelos batuques de Pirapora, na década de 1930, ele foi o primeiro a introduzir o bumbo e sua sonoridade grave no carnaval de rua paulistano; Posteriormente o bumbo passou a ser uma das principais características dos cordões carnavalescos de São Paulo, com uma sonoridade diferente dos ranchos carnavalescos do Rio de Janeiro.
Da mesma turma que freqüentavam o samba de Pirapora também havia os baluartes do samba paulistano do carnaval, nomes como Madrinha Eunice fundadora da Escola de Samba Lava Pés no ano de 1937, a primeira escola de samba paulistana. Pé Rachado e Pato N água da Escola de Samba Vai-Vai, Carlão do Peruche, Dna. Sinhá e muitos outros.
Merecedor de destaque é a pessoa de Geraldo Filme, um dos maiores compositores do samba paulistano, foi iniciado no batuque de samba de roda de Pirapora, pois os pais eram freqüentadores assíduos da festa do Bom Jesus e devotos que eram.
Tendo o menino Geraldo nascido em 1928 com quatro anos de idade ficou acometido de uma doença grave e a mãe fez promessa ao santo para cura do menino, com a graça alcançada a mãe foi proibida pelos festeiros da época de pagar sua promessa com o menino vestido de anjo na procissão.
Anos mais tarde o episodio virou letra de samba de um dos sambas de maiores sucessos da carreira do artista, a musica “O Samba de Pirapora” de Geraldo Filme considerado um dos clássicos do compositor pode ser ouvido no disco que traz o som do programa ensaio da TV cultura, gravado com o Geraldão como era conhecido pelos amigos, em 1985. O disco é vendido nas unidades de SESC. São Paulo.
Hoje em Pirapora funciona um centro de Memória do samba Paulista conhecido como a Casa do Samba, situado na Rua José Bonifácio nº. 226 centro, alem do acervo se apresentam no local, grupos de Samba como o Grupo Cultural Folclórico Vovô da Serra do Japí e Grupo de Samba de Bumbo Honorato Missé.